Erro feio de pesquisa eleitoral em Pompeia chama a atenção; entenda quem contratou e qual empresa fez o levantamento

Na sexta-feira (04), dois dias antes das eleições municipais que aconteceram no domingo (06), o Jornal O DIA, e outras mídias como a Jovem Pan Marília, divulgaram uma pesquisa na qual apontava a liderança pela corrida à prefeitura de Pompeia para o candidato Jorge Chicarelli “Jorginho” (PP). Muitas pessoas foram surpreendidas, pois o cenário (casas e ruas) mostrava o agora futuro prefeito Diogo Ceschim (PODEMOS), muito na frente.
A pesquisa tinha sido contratada pelo próprio Jornal O Dia.  A empresa responsável pelo levantamento foi a Alvorada Pesquisas “WJ Mendes Pesquisas LTDA”, de Londrina, Paraná.

A matéria foi de capa com a chamada “Jorginho lidera nova pesquisa”, com uma foto gigante do candidato sorridente. E mais, o jornal estava sendo distribuído gratuitamente nos bairros no período noturno.

De acordo com a pesquisa, no cenário estimulado, quando são apresentadas as opções de candidatos, Jorginho tinha 48% contra 40,7% de Diogo. Apenas 6% estavam indecisos. O restante eram votos brancos e nulos.

No cenário espontâneo, segundo a pesquisa, Jorginho tinha 39,7% das intenções de votos, contra 35,7% de Diogo, com 19% indecisos. Por votos válidos, o estudo apontava Jorginho com 54,1% e Diogo com 45,9%.

E mais, a pesquisa que teria sido feita em 22 de setembro e ouvido 300 pessoas em Pompeia, apontava que 74,3% dos eleitores já tinham os seus votos decididos e apenas 13% poderiam mudar de opinião até o dia das eleições.

A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob número SP-04843/2024, com margem de erro de 5,6% para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.

RESULTADO MUITO DIFERENTE

O que se viu nas urnas foi um cenário totalmente diferente do levantamento, que dava índice de confiança de 95%.
Diogo Ceschim deu show e terminou com 62,94% dos votos válidos, totalizando 7.947 votos. Jorginho conquistou 37,06% do eleitorado com 4.679 votos.

MAS… O QUE ACONTECEU?

A pesquisa errou feio num levantamento que teria sido feito apenas 15 dias antes das eleições. Teria sido um equívoco comum? Uma virada épica e histórica de Diogo nas duas últimas semanas (afinal, 74,3% já tinham decido seus votos)?.

Muitos ficaram preocupados, pois uma pesquisa divulgada da forma que foi poderia induzir muita gente.

QUEM CONTRATOU A PESQUISA?

Como a matéria do Jornal informou, quem contratou a pesquisa foi o próprio Jornal O Dia. Mas quem é o responsável por esse Jornal? Trata-se do jornalista Giroto Filho, que também tem ligação com a Jovem Pan Marília, antiga Rádio Central de Pompeia e a Paradiso FM, também de Pompeia.
Giroto Filho tem fortes ligações com Álvaro Prizão “Vinho”, impugnado pela Justiça Eleitoral no decorrer da campanha e substituído pelo então vice, Jorginho.

MUITA GRANA DA PREFEITURA

A gestão Tina repassou recursos incríveis para as empresas que Giroto Filho é envolvido. Pasmem! A Rádio Central de Pompéia recebeu, entre 2017 e 2021, o total de R$ 416.460,00 do Governo Tina. Já a Paradiso FM obteve R$ 321.000,00 de 2022 até setembro de 2024.

Já o próprio Jornal O Dia, no Portal da Transparência identificado com Bom Dia – recebeu de 2017 a setembro de 2024 o total de R$ 173.205,00.

As empresas de comunicação ligadas à Giroto e sua família receberam da Prefeitura de Pompéia, durante o Governo Tina, o total de R$ 910.665,00.

E A EMPRESA DA PESQUISA? ATÉ MORO JÁ REPRESENTOU CONTRA!

Prédio localizado no endereço cadastrado para Alvorada Pesquisas.

A Alvorada Pesquisa, nome fantasia de WJ Mendes Pesquisas LTDA é de Londrina/PR e consta como Micro Empresa de Sociedade Empresária Limitada e existe, segundo pesquisa, desde 2012.

Consta no site JusBrasil alguns processos durante esses anos. Um em específico chama a atenção, pois o representante foi o ex-Juiz e Senador Sérgio Moro.

Ele ingressou na Justiça com evidências de irregularidades da empresa que fez pesquisa para intenção de votos para Governo e Senado do Paraná em 2022.

Ele alegou: as irregularidades consistem na ausência de prévio consentimento do eleitor para a realização da pesquisa; questionário incompleto com omissões de perguntas; e que o questionário foi registrado, porém as perguntas feitas para o eleitor eram outras.

Na época, o Juiz Roberto Aurichio Júnior, sentenciou que a divulgação da pesquisa fosse suspensa.